A pandemia do coronavírus transformou a nossa rotina, e a mobilidade é uma das áreas que foi transformada por esse período. Neste post contamos mais sobre as mudanças comportamentais que podemos observar na mobilidade urbana e como se preparar para um futuro de retomada das atividades presenciais
Ao pensar em e 2021 vai ser difícil não lembrar de imagens de ruas vazias, cidades que pareciam estar desertas e de representações tão visuais que ilustravam o isolamento social nos jornais. Com tanta gente em casa, como fica a mobilidade urbana? E aqueles que não pararam, o que fizeram para reinventar as suas formas de se deslocar de um ponto a outro?
É preciso entender os hábitos e padrões de deslocamento das cidades e como eles mudaram durante a pandemia para que possamos pensar no futuro de uma mobilidade sustentável.
Esforço coletivo para a contenção da transmissão teve impacto direto nos meios de transporte
As mudanças na distribuição modal das cidades foram facilmente observadas logo no início da pandemia. Com uma crise que se prolonga por mais de um ano e meio, grupos de estudos dedicaram pesquisas valiosas para entender o comportamento do público perante a mobilidade.
Foi o caso do Centro de Excelência BRT+ que, com apoio do WRI Brasil, promoveu uma pesquisa ao redor do mundo – contando com as capitais brasileiras Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Nos resultados preliminares apresentados pelo estudo, observa-se uma queda de mais de 50% na utilização do transporte coletivo, de setembro a outubro de 2020.
A pesquisa também aponta que, mesmo com a pandemia em curso, muitas pessoas não deixaram de se movimentar pela cidade: em Fortaleza, 20% dos entrevistados aumentaram a utilização da bicicleta e no Rio de Janeiro cerca de 30% das pessoas relataram aumento no uso de automóveis próprios.
A utilização do transporte público também é monitorada pelo aplicativo Moovit, que acompanhou os impactos da Covid-19 e observa que, apesar da queda brusca no uso dos modais coletivos em março/2020, a retomada da economia tem sido acompanhada de uma recuperação gradual deste meio de transporte. A retomada ainda é tímida e cabe observar por quais modais de deslocamento aqueles que não voltaram ao transporte público optarão daqui para frente.
Home office não é uma realidade para mais de 78 milhões de brasileiros
O IBGE divulgou no início de 2021, quando tudo apontava para uma rápida retomada das atividades econômicas, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios da Covid-19. Os dados da pesquisa apontavam que apenas 8 milhões de brasileiros permaneciam em home office, e mais de 78 milhões de pessoas já retomavam a rotina diária de deslocamento, mesmo com a exposição ao vírus e sem previsibilidade de vacinação, uma vez que as informações são do fim de 2020 e o calendário nacional das vacinas só começou a correr a partir de janeiro de 2021.
Ainda segundo o IBGE, durante a pandemia, o uso de home office quase triplicou em todo o país em maio de 2020, passando de 5% para 13% dos trabalhadores. Isso mostra que é possível fazer com que algumas funções sejam realizadas remotamente e esta é uma tendência que deve continuar. Para a Owl Labs 71% das pessoas podem se sentir mais felizes trabalhando de casa, e um dos motivos para isso é exatamente a mobilidade. Para grande parte dos entrevistados, economizar tempo com deslocamentos é o principal benefício do modelo de trabalho remoto.
Guillermo Petzhold, coordenador de mobilidade urbana do WRI Brasil, conta que nos resultados preliminares da pesquisa, foi levantado que, em média, um regime ideal seria composto de três dias de trabalho remoto durante a semana. Guilherme comenta que a tendência do home office pode gerar efeitos na mobilidade, mas ao mesmo tempo, existe uma contrapartida. “No limite, mesmo com menos gente na rua, poderemos ter os mesmos níveis de congestionamento em função do efeito que chamamos de demanda induzida. Em síntese, significa que a oferta de infraestrutura adicional – nesse caso dada pela queda da demanda e não pelo alargamento de vias – tende a ser acompanhada pela ocupação desse espaço por mais carros”, explica.
Pesquisa aponta mudanças na modalidade global e avanços tecnológicos necessários na gestão de equipes
Assim como o mundo mudou com a pandemia, não seria diferente com as grandes organizações, que a cada dia se tornam mais estratégicas, inclusivas, inovativas, enxutas e focadas. Esta conclusão é apresentada no 2020 Global Assignment Policies and Practices (GAAP), estudo coordenado pela KPMG que englobou mais de 350 multinacionais com operação em mais de 25 localidades ao redor do mundo.
Para o GAAP, estas organizações passaram a oferecer mais flexibilidade nas políticas de alocação dos profissionais para a realização de suas tarefas. Isso faz com que as estruturas e disposições obrigatórias e opcionais estejam claras para os profissionais, expandindo o leque de suas escolhas profissionais na maneira em que pretende realizar seu trabalho. Com esta autonomia, as empresas agora buscam por soluções automatizadas que possam incluir planejamento e um controle mais assertivo dos processos de transferência e deslocamento, projeções de custos e coletas de dados como prioridade.
Intensifica-se, também, o foco na análise de dados que possam apoiar programas de modalidade global das pessoas e que permitam que as grandes organizações conversem com a expectativa das gerações Y e Z em oportunidades de trabalho móvel.
Entre as principais tendências no mundo pós-pandemia está a maior disposição do público para o uso combinado de diferentes modais. E há algo que já é certo para o futuro: as cidades precisam se atualizar para o planejamento de uma mobilidade mais sustentável e eficiente em um cenário afetado diretamente por uma crise mundial.